Sobre o quase desespero, sim, quase, porque não chega a sê-lo de fato, é o que quero refletir.
Como chegamos a ele. Como não percebemos seus tentáculos nos envolvendo. Como não percebemos sua sombra se projetando sobre o nosso sol.
Não sei, se soubesse, não estaria refletindo, pondo dúvidas sobre minhas conclusões.
A verdade é que em uma manhã ou noite, geralmente nas noites, pois é para nos tirar o sono mesmo, nos pegamos quase desistindo, nos desesperançando, boicotando nossa capacidade de olhar para os outros lados.
E isso é muito rápido. Ontem mesmo estávamos felizes, contentes, alegres, preparados para ganhar maiores espaços na vida; sonhando outras tantas realizações. Certos de que era uma questão de tempo para que tudo desse mais do que certo e aí....nos encontramos exauridos, desistentes, sem perspectivas.
Nada caminha, não vemos mais horizontes, o nosso infinito já é finito.
Os planos e projetos são fracos, não valem mais a pena lutar por consegui-los. É tudo muito dificil e as horas se arrastam.
A ansiedade, então, vai subindo, vai tomando corpo, criando pernas e vozes e, estas, vão dizendo inverdades, obstaculando.
Isso tudo de uma hora para outra, da noite para o dia. E aí, volta a pergunta: como isso aconteceu e nem nos apercebemos...
Bem, quase desesperados, relutando diante de coisas que já dávamos como certas, é preciso parar para ouvir o que diz o coração.
Sim, o nosso coração ou a nossa consciência ou a nossa experiência ou a nossa intuição. São tantos os nomes que designam o mesmo poder mas, não importa como é conhecido, a questão é o seu resultado.
De novo, é como um despertar. O nosso coração de repente diz que algo está errado, que os nossos pensamentos anteriores ao quase desespero é o que devemos seguir.
O esperto e sensível coração aciona uma sirene: ei! volte tudo. Pare, pelo menos, e, perceba que algo tem que ser feito antes que o quase vire fato.
Atravesse a rua. Olhe o outro lado. Feche uma janela e abra outra. Não veja apenas o lado esquerdo ou o direito o tempo todo. Mude seu foco. Perceba que não está respirando e comece a fazê-lo.
Desamortecer, é o que precisamos nesse momento. Voltar a ver os outros caminhos, pois eles existem e podem nos mostrar outros atalhos.
É isso então, já que não sabemos como chegamos as vias de fato, então, pelo menos tenhamos olhos novos, enxerguemos o depois, o além das montanhas, realmente existe outros desafios ali.
Dessa forma, é preciso coragem. Coragem para desamarrar as supostas cordas, para tirarmos as vendas.
Dessa forma é necessária uma dose extra de oxigênio para desintoxicar dos medos, das nossas próprias desaventuranças, das nossas idéias estanques.
Sim, de novo e de novo, é preciso voltar e dar um outro primeiro passo. Começar de novo.
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