E quando você sai, abre a porta, se depara com a vida que é pungente. Se depara com as pessoas nas portas de casa, conversando, tomando pé da vida.
Quando nós saímos, abrimos nossas portas, não é diferente, encontramos. Nos deparamos com os outros, dos quais às vezes até nos escondemos, receptivos ou não, não importa, a questão central é diminuir as barreiras, e aí, decidimos se existirá uma troca ou não.
É isso sabe, em cada encontro, uma troca, mas, é preciso estar com nossas janelas abertas, não necessariamente escancaradas, é sempre bom um certo "recato", mas, se elas estiverem ao menos entreabertas já poderemos enxergar com nitidez o que está na nossa frente.
Quando atravessamos o limiar do nosso canto e nos arriscamos andando rumo ao desconhecido, à rua, é que percebemos quanta riqueza deixamos de apreciar durante o tempo em que ficamos reclusos. O que nos foi negado por nós mesmos ao não relaxar e deixar vir o novo.
Seguimos um tanto indiferentes na calçada.
Algo muito mágico acontece quando sentimos essa vida pulsar dentro de nós, é como se nunca tivéssemos reparado que existe um ar a ser respirado. Vem uma alegria quase infantil ao perceber o quanto a vida pode ser bacana, quanto somos ganhadores de alguns prêmios e quanto mais ainda podemos aprender.
Quando abrimos os nossos vidros e tomamos esse ar, que parece mais puro, uma alquimia está pronta a acontecer: aquele ar meio viciado entra pelas narinas e vai soar lá no cérebro mandando a mensagem de que ele esteve e estará sempre ali, é uma questão de fazer esse exercício diariamente. Abrir-se. E aí, o coração respirará melhor também.