segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Solidões

Às vezes me pego pensando na ironia da vida: as pessoas (homens e mulheres) evoluíram tanto emocionalmente e cientificamente.

A longevidade é um dos temas mais discutidos atualmente e, sumamente falando, nem cabe mais a dúvida de que o ser humano está conseguindo "se" levar cada vez mais longe e com uma qualidade de vida superior se comparamos com 5, 10 anos antes.



A tecnologia está presente em cada detalhe do dia a dia. Não precisamos ir muito longe para percebermos como esta veio para nos auxiliar a solucionar os problemas mais corriqueiros haja vista dentro de nossas casas.



No entanto, evoluídos que estamos e somos, algo definitivamente não mudou: a busca pelo preenchimento, pela complementaridade enfim, a busca do outro que, acreditamos, vá nos completar. Vá deixar os nossos dias mais ensolarados e cálidos. Vá fazer brilhar o nosso olhar e as mãos ficarem suadas e trêmulas com a aparição deste ser "especial".



É curioso constatar como usamos verbos que denominam complementos quando queremos nos referir a quem desejamos encontrar.



Existe também uma contradição, aliás muito humana, nessa busca "eterna": ao mesmo tempo que nos pomos na caminhada da procura, nos escondemos um sem número de vezes, entramos em atalhos e saímos deliberadamente da estrada principal, onde supostamente seríamos mais facilmente notados.

E, nesta irônica complexidade, de seres aparentemente tão evoluídos, me detenho pensando que, os anos e séculos podem passar, a vida pode adquirir conotações distintas, todavia, o ser humano estará sempre buscando este "algo mais".

Claro, não quero aqui discutir o que o tema "evolução" tem a ver com o tema "solidão", como uma mera espectadora e vivente, creio que sei que uma coisa caminha independente da outra. Bem, não tenho tanta certeza assim, o que sei é que apesar de todas as criações e alternativas de hoje em dia o homem parece cada vez mais sozinho.

Entretanto, por não querer terminar com uma conotação fatalista muito menos pessimista, volto ao meu pensamento anterior: alguns destes se sobressaem porque se assumem solitários e vão à busca de outrem que em dias não mais tão glamorosos serão os seus companheiros e sentarão juntos para apreciar a onda quebrando na praia.

sábado, 10 de julho de 2010

Paraísos pessoais

São inúmeras as vezes em que desejamos que nossa vida seja um mar igual ao da imagem, sem maiores sobressaltos de ondas que quebram violentamente, sem ruídos ensurdecedores tal qual aos dias de fúria. Sonhamos com algo parecido com a placidez da água de um lago.
Entretanto, seres humanos cheios de minúncias que somos, quando as águas estão calmas, demasiadamente calmas, tendemos a levantar âncora e partir para descobrir mares mais nervosos, intensos, que nos faça literalmente parecer vivos.
O que não entendemos é que apesar de aparentemente calmo o mar traz em si um furor e uma agitação enlouquecedora, naquele momento ele está apenas tomando um fôlego de uns breves momentos para em seguida, sem que se espere, mostre a sua verdadeira natureza.
Assim é a vida, cheia de idas e vindas, altos e baixos, silêncios e ruídos, claridades e escuridões e, acredito que a única coisa que é precioso neste momento é saber viver.
Puxa, que simples!
E aí vem a complicação de lidar com o bambolê sem que ele caia e se cair, caiu, não há problema nisso, é para isso que se vive, é para isso que estamos aqui, descobrir o que há por vir no dia seguinte.
É o mistério, esse senhor que usa uma capa transparente, que torna a vida humana exclusiva, que nos torna distintos de outros seres vivos, além de, lógico, pensar (ato altamente passivo de discussão em alguns seres humanos).
É o que há por vir e essa sucessão de diferenças que cabem dentro de um dia que torna a condição de viver em algo pleno de um sabor sem igual.
Sou mesmo da opinião que é preciso se descobrir todos os dias para saber como é viver e lidar com as instabilidades que o sol de cada manhã nos traz.
Penso também que é necessário uma dose de maturidade para andar na corda bamba, caindo vez por outra, mas, subindo de novo e continuando a caminhar.
O que pensará você...